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Tecnologia avançada garante precisão na análise de falsificação de bebidas em SP

Processo rigoroso traz provas técnicas essenciais às investigações contra falsificação no estado e garantem resposta rápida aos casos envolvendo me...

04/10/2025 às 11h35
Por: Diogo Germano Fonte: Secom SP
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Perita verifica autenticidade de lacre de garrafa usando um comparador espectral de vídeo da Polícia Científica
Perita verifica autenticidade de lacre de garrafa usando um comparador espectral de vídeo da Polícia Científica

A tecnologia de ponta empregada pela Polícia Científica de São Paulo tem sido determinante para a precisão na detecção de bebidas adulteradas durante as investigações sobre intoxicações com metanol no estado .

Do registro inicial à emissão do laudo final, cada garrafa apreendida passa por uma sequência rigorosa de análises que começam na verificação de rótulos , selos e lacres, realizada no Núcleo de Documentoscopia, e avançam até os exames químicos no Núcleo de Química, onde são identificados e quantificados os níveis de metanol. Esse processo garante materialidade jurídica às investigações e contribuirá para a responsabilização dos envolvidos na falsificação.

O Governo de São Paulo intensificou as medidas de combate à falsificação de bebidas diante dos casos registrados nos últimos dias. Desde a criação de um gabinete de crise, na última terça-feira (30), operações em todo o estado resultaram na apreensão de milhares de garrafas e lacres suspeitos. Só nesta sexta-feira (3), por exemplo, mais de mil garrafas de uísque foram apreendidas em Diadema com rótulos que apresentavam sinais de falsificação.

Bebidas falsificadas analisadas recentemente apresentam concentrações de metanol muito maiores do que as encontradas em produtos regulares. Foto: Pablo Jacob/Governo de São Paulo
Bebidas falsificadas analisadas recentemente apresentam concentrações de metanol muito maiores do que as encontradas em produtos regulares. Foto: Pablo Jacob/Governo de São Paulo

As etapas de análise começam com a chegada das amostras ao Instituto de Criminalística, após fiscalização ou apreensão policial. As bebidas são registradas e enviadas ao Núcleo de Documentoscopia, responsável por verificar sinais de adulteração em rótulos, selos e embalagens.

“Um selinho falso já é um indicativo de que pode haver reutilização de garrafa autêntica para inserção de líquido falsificado”, explicou a diretora do núcleo, Nícia Harumi Koga, à Agência SP. Entre os equipamentos utilizados, por exemplo, está o Comparador Espectral de Vídeo, uma máquina que permite verificar alterações em lacres e marcas de impressão.

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Em seguida, as garrafas são encaminhadas ao Núcleo de Química, onde ocorre a etapa mais complexa: a análise laboratorial do líquido. O exame detecta a presença de metanol e, se confirmado, quantifica a concentração. “Não basta dizer se há ou não metanol. É preciso identificar quanto existe, e essa quantificação exige mais tempo e técnica”, disse o perito Alexandre Learth, do Centro de Exames, Análises e Pesquisas (CEAP). O processo é realizado sete dias por semana para acelerar os resultados diante da gravidade dos casos que vieram à tona nos últimos dias.

Learth explicou que as bebidas falsificadas analisadas recentemente apresentam concentrações de metanol muito maiores do que as encontradas em produtos regulares. O especialista explica que a ingestão de 10 ml da substância pode causar lesões no nervo óptico e, em doses iguais ou superiores a 30 ml, levar a óbito.

A comparação com padrões originais fornecidos pelos fabricantes também faz parte da investigação. Dessa forma, os especialistas conseguem atestar se a bebida suspeita corresponde à composição de um produto autêntico ou se foi adulterada.

Há anos a Polícia Científica de São Paulo realiza análises em bebidas falsificadas, o que garante expertise acumulada para enfrentar a situação atual
Há anos a Polícia Científica de São Paulo realiza análises em bebidas falsificadas, o que garante expertise acumulada para enfrentar a situação atual

Esse trabalho todo não é novo: há anos a Polícia Científica de São Paulo realiza análises em bebidas falsificadas, o que garante expertise acumulada para enfrentar a situação atual. “Essa experiência permitiu dar uma resposta rápida aos casos recentes”, afirmou Learth. Somente em 2024, mais de 50 mil garrafas já haviam sido recolhidas pela polícia em ações de combate à falsificação de bebidas alcoólicas.

As operações recentes mostram a dimensão do problema. Somente na semana passada, 4,5 mil garrafas foram apreendidas em diferentes cidades, como Barueri, Americana, Dobrada e na capital. “O trabalho da polícia científica é fundamental neste momento. É o laudo técnico que confirma se a bebida é falsificada e se contém metanol em níveis nocivos, possibilitando o andamento dos processos criminais”, reforçou o perito.

O Governo de São Paulo tem reforçado medidas a serem tomadas para tratar da intoxicação por metanol no estado. Entre as ações estão interdição cautelar de estabelecimentos, disponibilização de mecanismos rápidos de denúncia, estruturação de atendimento em toda a rede de saúde e intensificação das investigações da Polícia Civil e Secretaria da Fazenda.

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Canais de denúncia

Denúncias sobre possíveis irregularidades e suspeitas a respeito de bebidas adulteradas podem ser enviadas pelo Disque Denúncia 181 ou pelo site da Polícia Civil de São Paulo: www.webdenuncia.sp.gov.br/cidadao/crime-acontecendo. O Procon também recebe denúncias: pelo Disk 151 e pelo site www.procon.sp.gov.br. O órgão de defesa do consumidor ganhou um atalho no site para as denúncias relacionadas aos casos.

Recomendações aos consumidores

A intoxicação por metanol é grave, pode levar à cegueira permanente e até a óbito. O metanol pode estar presente em bebidas alcoólicas clandestinas e adulteradas , além de produtos como combustíveis, solventes e líquidos de limpeza.

As unidades de saúde do estado estão preparadas para lidar com a situação. A Secretaria de Saúde recomenda que o paciente com quadro incomum após ingestão de bebida alcoólica deve procurar atendimento médico imediato, realizar exames laboratoriais e avaliação oftalmológica. Os sintomas de alerta são dores abdominais intensas, tontura e confusão mental. O socorro em até 6h após o início dos sintomas é fundamental para evitar o agravamento.

O Estado de São Paulo possui três laboratórios, em Campinas, Botucatu e Ribeirão Preto, que realizam análise das coletas de sangue e urina, cujos resultados são emitidos em até 1 hora.

Denúncias sobre possíveis irregularidades e suspeitas a respeito de bebidas adulteradas podem ser enviadas pelo Disque Denúncia 181 ou pelo site da Polícia Civil. Foto: Pablo Jacob/Governo de São Paulo
Denúncias sobre possíveis irregularidades e suspeitas a respeito de bebidas adulteradas podem ser enviadas pelo Disque Denúncia 181 ou pelo site da Polícia Civil. Foto: Pablo Jacob/Governo de São Paulo