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Galípolo: normalizar política monetária vai demandar reformas contínuas

Em sua primeira audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) após ser aprovado pelo Senado, em outubro do ano passado, para assumir a...

22/04/2025 às 12h57
Por: Diogo Germano Fonte: Agência Senado
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O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e o senador Renan Calheiros na audiência da CAE nesta terça - Foto: Saulo Cruz/Agência Senado
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e o senador Renan Calheiros na audiência da CAE nesta terça - Foto: Saulo Cruz/Agência Senado

Em sua primeira audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) após ser aprovado pelo Senado, em outubro do ano passado, para assumir a presidência do Banco Central no quadriênio 2025-2028, Gabriel Galípolo disse nesta terça-feira (22) ao colegiado que a normalização da política monetária vai demandar uma série de reformas contínuas. Ele destacou o “crescimento excepcional” do Brasil, mas chamou a atenção para a inflação.

Questionado pelos senadores, o gestor afirmou que o cenário internacional, ainda imprevisível, tem sido o vetor principal na determinação da dinâmica dos preços de mercado. Galípolo defendeu que é papel da autarquia atuar em uma ação de “contrapé” (como o aumento da taxa básica de juros) para que não se perca o controle da estabilidade monetária.

— Estamos todos no Banco Central bastante incomodados por estarmos fora da meta. Porém, estamos falando de um patamar de inflação muito inferior ao que estávamos discutindo antes e mais próximo com as economias avançadas e com as emergentes.

Presidente da CAE, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) enfatizou que o país enfrenta incertezas no cenário internacional, que ainda não permitem ver com clareza qual será a trajetória dascommodities.Essa pressão externa influencia, sendo um dos vilões da inflação no Brasil, avaliou.

— A supersafra vai ajudar, mas os preços dos alimentos não devem regredir com velocidade; assim, temos uma situação peculiar. Vamos muito bem com o crescimento do produto interno bruto [PIB], aumento da renda média das famílias e baixa taxa de desemprego. No entanto, paira o fantasma inflacionário — pontou Renan.

Questionamentos

O senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO) comparou o Brasil ao Vietnã, que, segundo ele, “ressurgiu das cinzas” após a guerra e apresenta números de crescimento superiores aos brasileiros. Ele salientou que o Vietnã teve uma taxa de inflação de 3,6% em 2024, contra 4,83% no Brasil. O aumento do PIB foi de 5% no país asiático em 2024, contra 3,4% aqui.

Galípolo disse que a diversificação no mercado doméstico oferece uma proteção adicional ao Brasil e lembrou que a guerra tarifária pode trazer alguns ganhos para o país.

Já o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) pediu a busca de soluções e saídas para atender os produtores, em especial no Rio Grande do Sul, onde as perdas na lavoura foram significativas nos últimos anos — primeiro pela seca e depois pelas enchentes que devastaram o estado em 2024.

Sobre os impactos do clima, Galípolo disse que a questão tem efeito no mundo como um todo e gera uma combinação maior de perdas para os países de baixa renda, por impor mais financiamento e juros mais altos, o que eleva os custos de produção. Ele afirmou que esse é um tema que vai demandar acompanhamento e atualização das políticas públicas.

Em resposta ao senador Plínio Valério (PSDB-AM), Galípolo afirmou que o Brasil está próximo do pleno emprego e que “nunca tivemos um nível tão baixo de desemprego na série histórica”.

O gestor ressaltou ainda que houve aumento da renda média brasileira e que o crescimento dos indicadores econômicos levou o Banco Central a migrar para um patamar de segurança, mais restritivo, que está em análise.

O comparecimento do titular do Banco Central à CAE é periódica e serve para a prestação de contas aos senadores, além da discussão de planos e estratégias da instituição sobre grandes temas da economia nacional.

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