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Estudo indica que laser ajuda a combater hipertensão desencadeada pela menopausa

Pesquisa revelou que aplicação de laser na região abdominal é capaz de combater a hipertensão provocada pela menopausa.

17/08/2025 às 16h42
Por: Diogo Germano Fonte: Secom SP
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Estudo foi baseado em uma linha de pesquisa conduzida desde 2013 no laboratório, que investiga a liberação do óxido nítrico por meio da fotobiomodulação
Estudo foi baseado em uma linha de pesquisa conduzida desde 2013 no laboratório, que investiga a liberação do óxido nítrico por meio da fotobiomodulação

Pesquisa in vivo revelou que aplicação de laser na região abdominal é capaz de combater a hipertensão provocada pela diminuição na produção dos hormônios femininos que acontece naturalmente na menopausa. O estudo de pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com apoio da Fapesp, envolveu 26 ratas com 70 dias de idade que foram divididas em três grupos: controle, ovariectomizadas (que passaram por cirurgia de retirada dos ovários) e ovariectomizadas tratadas com fotobiomodulação duas vezes por semana durante duas semanas.

Fotobiomodulação é a técnica que utiliza luz de diferentes comprimentos de onda para promover efeitos terapêuticos em células e tecidos. Os resultados da investigação foram publicados na revista Lasers in Medical Science.

A retirada dos ovários das cobaias foi uma forma de levá-las à menopausa, fase em que o sistema reprodutivo das mulheres envelhece e há uma grande diminuição da produção de hormônios – principalmente estrogênio – que têm um papel importante na proteção do sistema cardiovascular, ajudando a manter os vasos sanguíneos saudáveis e regulando a pressão arterial. Esse declínio pode desencadear o desenvolvimento de hipertensão arterial, bem como outras doenças cardiovasculares.

Os resultados mostraram que, em modelo animal, o laser vermelho, de baixa intensidade, foi capaz de reduzir a pressão arterial, melhorar a função do endotélio (a camada de células que reveste internamente os vasos sanguíneos) e diminuir o estresse oxidativo. “Pudemos notar também que a aplicação da fonte de luz levou à elevação do óxido nítrico, gás produzido naturalmente pelo organismo que tem papel crucial na regulação da pressão arterial, pois atua como vasodilatador, relaxando os vasos e facilitando o fluxo sanguíneo, além de outros efeitos benéficos ao sistema cardiovascular”, explica Gerson Rodrigues, professor do Departamento de Ciências Fisiológicas da UFSCar e coordenador do projeto.

O estudo foi baseado em uma linha de pesquisa conduzida desde 2013 no laboratório coordenado por Rodrigues, que investiga a liberação do óxido nítrico por meio da fotobiomodulação. “Em pesquisas anteriores, nossa equipe já tinha conseguido demonstrar que a aplicação aguda do laser vermelho no abdômen de ratos hipertensos foi capaz de induzir um efeito hipotensivo acompanhado da liberação do óxido nítrico”, detalha o pesquisador. “Fomos os primeiros a construir a curva energia/resposta na pressão arterial em modelo animal.”

No momento, a equipe liderada por Rodrigues está realizando um estudo clínico com mulheres na menopausa para investigar os efeitos do laser vermelho em sintomas ligados a doenças cardiovasculares em humanos. Os resultados preliminares são animadores, principalmente quanto à melhora dos sintomas, e os resultados serão publicados em breve.

“Também estamos investigando estratégias que possam potencializar os efeitos biológicos terapêuticos induzidos pelo laser vermelho, como o uso de alguns fitoterápicos e fitofármacos que têm se mostrado promissores na elevação dos efeitos induzidos pela fonte de luz”, conta Rodrigues.

O trabalho foi parte da tese de Nayara Formenton da Silva, defendida no Programa Interinstitucional de Pós-Gradação em Ciências Fisiológicas UFSCar/Unesp. A coleta de dados foi feita por Silva, Luis Henrique Oliveira de Moraes e Camila Pereira Sabadini, com contribuição no desenho experimental e correção pelas autoras Rita Cristina Cotta Alcântara e Patricia Corrêa Dias.